INDEPENDÊNCIA 1983
O Enduro da Independência teve suas particularidades:
por exemplo, quando o enduro começou em 1983, todos os participantes
corriam em dupla, não tinha categorias, ou seja, todos concorriam
contra todos. Para se ter uma idéia, eu estava começando,
andava de moto de trail a mais ou menos um ano e este era o meu
4o enduro. Meu número e do meu parceiro Humberto
Morais, era o 40 , enquanto que do Beto Motorauto e seu parceiro
Élber Rabelo, pilotos experientes era o 220.
Foi um enduro de 3 dias e todo dia
tinha um trecho com teste de velocidade, com parque fechado e só
o piloto podia fazer reparo ou se precisasse trocar pneu da moto,
só poderia sair com a roda...A maioria dos pilotos não
tinha idéia do que seria este enduro e poucos levaram apoio.
Eu, particularmente, troquei idéia com meu parceiro e resolvemos
levar mochilas. Ele levou nas costas e eu na garupa, amarrada com
elásticos. Veja quanto amadorismo quanta inexperiência
usamos a mesma poupa os 3 dias, nos neutros abastecíamos
nos postos e comíamos alguma coisa. pra largada no rio, minha
moto foi no caminhão da Motocity que levou varias motos de
vários pilotos, a do Humberto foi no caminhão da Motorauto
revenda Yamaha que era do beto, por isto o apelido beto Motorauto.
Neste enduro aconteceram coisas
engraçadas, comigo aconteceu um fato inusitado, no 1o
dia no final do teste de velocidade é que, me dei conta de
que estava sem minha mochila, em um salto do trecho, o elástico
arrebentou e ela caiu, sorte que nosso amigo Aires Mascarenhas 1o
presidente do TCMG, estava próximo de onde ela caiu, a apanhou
e a levou e mais tarde me entregou. só que eu não
sabia e a toda hora perguntava se alguém não tinha
achado uma mochila de couro, onde estava estrito Honda, etc... e
tal. Só lá pelas tantas, eu sujo, aborrecido e cansado
foi que o Aires apareceu, então é que fui tomar o
meu banho.
No 2o dia outro acidente,
a roda dianteira de ferro (coisa natural na época, entrou
entre dois trilhos de um mataburro e teve aquele amassado olhei
e vi a câmara de ar saindo pra fora e agora o que vamos fazer,
aí apareceu um cara numa caminhonete velha e perguntou, precisa
de alguma coisa, respondeu o Humberto, por acaso o sr. tem uma mareta
ou alguma coisa para mim desamassar esta roda? não respondeu
o moço, tenho aqui só este macaquinho velho, você
quer tentar com ele? o Humberto pegou o macaco, primeiro soltou
o ar da câmara e começou a desamassar a roda com o
pé do macaco, não é que o danado conseguiu,
ai usamos o tirepano e prosseguimos ; a roda não deu mais
problema..
No 3o dia o inesperado,
depois da trilha do chafariz, numa estradinha com muita poeira alcancei
a dupla de numero 37 que naturalmente estava atrasada, cortei o
primeiro, a poeira estava alta não se via quase nada, acelerei
pra cortar o segundo, ele reagiu acelerando também. acelerei
mais, ele também, virou pega, estávamos mano a mano,
dei um toque na embreagem, arrochei o acelerador da XLR- 250 até
no talo e o passei, comecei a abrir, ai a fatalidade, com a visão
bastante prejudicada senti um impacto na parte esquerda do guidom,
rente a mesa e literalmente sai da moto voando, parecia o super
homem, voei + ou - uns 8 metros aterrizei de cara no chão,
sorte que eu estava com um capacete japonês (marca simpson),
pesado mais muito resistente, quando meu parceiro chegou esbravejando.
o que é que é isto? veja no que deu o seu pega! machucou,
perguntou o Humberto; eu estava um pouco tonto, a poeira abaixou
um pouco então vi o estrago: no chão um risco feito
pela queixeira do capacete, parecendo que tinha sido feita pela
ponta de um arado, sem exagero de + ou – 4 metros, (tenho o Humberto
como testemunha), felizmente apesar do terreno que eu comprei, com
direito a um mouro de um colchete, não tive nada grave só
o pé esquerdo que doía muito; na moto o guidom empenou
bastante e a garupeira quebrou um dos suporte, que foi prontamente
amarrada com arrame. desempenamos o quanto foi possível o
guidom e terminamos a prova em BH. a nossa colocação
não me lembro mais , recebemos nossas medalhas e ficamos
felicíssimos
Marão